sexta-feira, abril 14, 2006
da Paixão
Olhava para o belo bife de filé que deixara descongelando a noite anterior. Seu cão, sentado logo à frente, aguardava em silêncio.
- Bem, como explico isso para você? - tinha hábito fazer longos monólogos com seu melhor amigo.
- Acho que é mais ou menos assim: os humanos (não todos, mas a grande maioria do meu meio sócio-histórico) acreditam que nosso Deus humano mandou seu Filho humano (ou meio-humano meio-divino, até hoje discutem) para nos salvar, sendo que um outro bando de humanos não gostou muito do que esse Filho dizia por aí e o torturou até a morte. Mas, na verdade, era tudo um plano de Deus para que o sacrificio do seu próprio filho nos salvasse!
- Hoje, que chamamos de sexta-feira (no calendário semanal), dizem que é o dia que o tal Filho morreu, então dizem também que não devemos comer carne por causa do tal sacrifício. Mas eu esqueci completamente que era justamente essa sexta-feira do ano...
O cão, depois de prestar muita atenção no que ele acabara de dizer, olhou longamente para o bife, e depois para ele de novo, arfando como num misto de ironia e pena.
E ele se sentiu um idiota.
"Man has to suffer. When he has no real afflictions, he invents some."
- Bem, como explico isso para você? - tinha hábito fazer longos monólogos com seu melhor amigo.
- Acho que é mais ou menos assim: os humanos (não todos, mas a grande maioria do meu meio sócio-histórico) acreditam que nosso Deus humano mandou seu Filho humano (ou meio-humano meio-divino, até hoje discutem) para nos salvar, sendo que um outro bando de humanos não gostou muito do que esse Filho dizia por aí e o torturou até a morte. Mas, na verdade, era tudo um plano de Deus para que o sacrificio do seu próprio filho nos salvasse!
- Hoje, que chamamos de sexta-feira (no calendário semanal), dizem que é o dia que o tal Filho morreu, então dizem também que não devemos comer carne por causa do tal sacrifício. Mas eu esqueci completamente que era justamente essa sexta-feira do ano...
O cão, depois de prestar muita atenção no que ele acabara de dizer, olhou longamente para o bife, e depois para ele de novo, arfando como num misto de ironia e pena.
E ele se sentiu um idiota.
"Man has to suffer. When he has no real afflictions, he invents some."