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segunda-feira, outubro 31, 2005

Witches are the Matrix 

Em homenagem à nossa adorável colonização cultural,
e dado a proximidade de Marte com nosso perdido planeta,
uma belo conto para seus doces infantis pesadelos:


A polícia prendeu no município de Pedro Velho (RN), localizado a 80 quilômetros da capital Natal, o casal Fábio Isídio da Silva, o "Nino Cara de Onça", 27 anos, e Francisca D´arc dos Santos, 34, acusados de efetuarem a chacina de quatro pessoas da mesma família na sexta-feira passada, no município do Conde, na divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte. Fábio confessou ter degolado Diego Medeiros da Silva, 15 anos, e Diana Medeiros da Silva, 11 anos, enquanto eles dormiam.

O delegado de Canguaretama, Silvério Rubério, foi informado da chacina e ajudou a polícia paraibana a desvendar o caso. O delegado Manoel Neto de Magalhães, da Delegacia de Homicídios de João Pessoa, informou que o suspeito tinha o apelido de "Nino" e poderia ser Canguaretama. Na tarde de terça-feira, Silvério localizou "Nino" e Francisca em Pedro Velho. Eles chegaram a negar envolvimento com a chacina, mas a polícia acabou encontrando na casa onde eles estavam as placas da Pampa das vítimas e duas facas tipo peixeira usadas no assassinato.

Fábio não soube explicar o motivo da barbárie.

"Nem eu tenho razão para o que fiz. Estava louco", disse. Silvério acredita que a cobiça motivou os assassinatos. "Eles alugaram uma casa onde iam guardar os objetos roubados para revendê-los", disse. O acusado - natural de João Pessoa - contou que as primeiras vítimas mortas foram o agricultor Natanael Gomes da Silva, 42 anos, e a esposa, Luzinete Medeiros da Silva, 35 anos, pais de Diego e Diana.

Natanael foi morto de surpresa. Ele estava num roçado do assentamento Dona Antônia, no distrito de Jacumã, município do Conde, sentado com a cabeça baixa, enrolando um cigarro de palha, quando levou uma machadada na cabeça. A mulher dele, segundo o delegado, foi vítima de emboscada. Francisca - natural de Arês - teria entretido a vítima, enquanto Fábio a golpeava pelas costas com um pedaço de pau. Depois, o casal de assassinos usou um carrinho de mão para transportar os cadáveres até uma vala, onde eles foram enterrados.

Em seguida, Fábio e Francisca foram até a casa das vítimas, onde os dois adolescentes aguardavam os pais. Como os acusados eram conhecidos das crianças - trabalhavam como caseiros do sítio há dois meses - eles ganharam a confiança das vítimas e colocaram os dois para dormir.

Diego dormiu no mesmo quarto de Fábio, em camas separadas. Diana ficou na cama de casal, junto com Francisca. Ao cair da noite, quando Fábio percebeu que Diego estava dormindo, ele segurou o pescoço do garoto e o degolou, quase separando a cabeça do corpo. Depois, friamente, mandou Francisca deixar Diana sozinha e a matou da mesma forma.

A dupla contou que roubou uma televisão, um aparelho de som, o carro das vítimas - uma Pampa - e dinheiro. Os corpos só foram encontrados dias depois, em avançado estado de putrefação. A delegada da cidade do Conde, Fabíola Maria Oliveira, acompanha o caso desde o início e foi a responsável pela divulgação do retrato falado dos acusados, que foi decisivo para a prisão.

Ela relatou que os acusados vão ficar detidos em João Pessoa (PB), porque correm o risco de serem linchados. "Esse crime chocou a população", contou. Fábio foi autuado em flagrante delito por homicídio e ocultação de cadáver e a companheira dele por co-autoria e ocultação.

Quinta, 27 de outubro de 2005, 04h18
Casal acusado de chacina é preso no RN

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI727638-EI5030,00.html



sexta-feira, outubro 28, 2005

Faith isn't faith until it's all you're holding on to 

Decidira assim, sem mais nem menos, olhando através do vidro do carro melado de maresia. Quantos anos, trinta, quarenta?, desde a última vez que entrara em uma igreja. Não se lembrava quando fora a última vez, muito menos onde e porque. Provavelmente alguma cerimônia social, algum batizado, casamento ou missa de sétimo dia. Nascer, reproduzir, morrer - sorriu com a simplicidade da vida biológica.

Entrou por último, as pessoas já ocupando seus lugares na missa. O padre lançou um curioso olhar ao estranho que se dirigia ao fundo da pequena igreja, quase vazia naquela noite de terça-feira. Fez questão de esquivar do olhar do estereotípico capelão, um velho senhor em torno dos sessenta de barriga um pouco proeminente, calvície avançada e cara de bonzinho. Será que o vaticano tem uma máquina de clones?

No vazio de sua desesperança, ainda questionava se deveria ir se embora dali, já que não acreditava em nada daquela ritualística toda. Lembrou dos tempos de menino, quando esperava ansioso a hora mais feliz de tudo aquilo: "Vão em paz, e que Deus os acompanhe" "Amém!" e estava livre das horas obrigatórias de tédio nos bancos lisos de madeira.

Torceu o nariz quando as beatas começaram balir sua cantoria triste e desafinada; definitivamente a ladainha não tinha nada de divina. Destoava do idoso e aposentado público, será que estava também ficando velho?

Sabia que não, olhando para cima em uma conversa alucinada com Deus (mas se Ele é onipresente, pra que olhar para cima?). No desespero sabia que não tinha mais respostas para a fatalidade de seu infortúnio, para a dor cancerígena em seu coração.

É melhor que você realmente esteja aí, queria gritar. É melhor que realmente exista uma lógica para essa minha alma partida, para o vão escuro no vazio do meu peito. Preciso acreditar em Você, seja lá quem seja, porque não acredito mais em nada. Só na bala que insisto em querer convidar para minha cabeça.

Mas não era o primeiro desesperado que procurava respostas na religião , nem seria o último. Durante as leituras arrependeu-se de tudo aquilo se basear somente naquele mesmo livro, já gasto e deveras mal escrito que chamavam de Sagrado. Porque não discutir outras mitologias, outros autores, outras culturas?

Sentou-se, levantou, sentou novamente, abaixou a cabeça, repetiu com todos o que ainda lembrava da eucaristia, levantou e sentou mais algumas vezes, comeu a hóstia sem gosto e ajoelhou depois. Engoliu as objeções e questões do discurso do sacerdote, tão distante das respostas que procurava quanto Jerusalém do Vaticano.

Saiu da igreja sem saber porque fora, triste por não ter tido nenhuma epifania de compreensão, benção de tranqüilidade, cura milagrosa de sua angústia. Será que deveria tentar o budismo?

Caía uma fina garoa com o vento fresco. Bom, tinha feito sua parte: se nada do que conhecia adiantava, se nada de concreto lhe trouxe nada, quem sabe aquilo serviria para alguma coisa.

Dirigiu sozinho para casa, sem ligar o rádio; acreditar em Deus era como jogar na Loteria.


I've known it all along
like the bone under my skin
like actors in a photograph
like paper in the wind

quarta-feira, outubro 26, 2005

Na boca do estômago do bom humor 

Só não grito tudo que sinto porque minha boca se encheria de sangue em uma embolia pulmonar.
Hoje sou só ódio, desprezo, inveja e instinto assassino. Me dê um motivo, idiota!

Acordei assim, sou assim, sujo e podre como todo mundo.

Ah! Já disse que vou comprar uma arma? Sim, nesse maldito velho oeste não perdi esse direito! E vou usa-lo numa bela semi 9mm pra descarregar no primeiro passarinho que cantar na minha frente.

Ou em um retardado qualquer, como você e sua vida estúpida e inútel. Ou em mim mesmo, quem sabe?

Se todos fizermos isso ao mesmo tempo, o mundo seria um lugar bem melhor, não é?

Sou um cretino que escreve para não fazer: eis minha contribuição para a humanidade. Não que ela esteja pouco se fudendo, no gozo da palavra, para isso.

Queria subir na maldita Estação Espacial só para mijar na cabeça de cada imbecil desse mundo - literalmente todo mundo. Agora mesmo meu plano de destruição mundial se aproxima de seu ápice, nem 007 pode impedir. Só apertar O Botão Vermelho para acionar todas as bombas atomicas ao mesmo tempo - lindo efeito de pirotecnia!

Tenho nojo de mim, dessa raça estúpida que somos, desse maldito acidente genético (ou desses malditos Deuses) que nos criou. Não daria nem Ctrl+Alt+Del: tiraria esse mundo da tomada a chutes, jogava o HD fora e daria uma gostosa risada diabólica enquanto tudo escorresse pelo ralo do universo.

Alguém me empresta um buraco negro?


"Doze vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco."

segunda-feira, outubro 10, 2005

Liqüidação 

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"Sou feliz
e devo a Deus
Meu éden tropical
Orgulho dos meus pais
E dos flhos meus
Ninguém me tira, nem por mal
mas posso vender
deixa algum sinal."

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