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segunda-feira, janeiro 17, 2005

Só um breve despertar 

A mulher acordou menina num sufocado grito silencioso. Demorou, no escuro, lembrar exatamente onde estava. Coçou os olhos e penteou os cabelos com os dedos, levantando da cama enquanto o sonho ainda esfriava.

Abriu a janela. O vento continuava sua paciente luta com o prédio em seu caminho, insistente e úmido. Ela ficou um tempo olhando a escuridão ao longe, onde deveria estar o mar. Naquele momento era apenas uma sombra negra e enorme. Infinita, perto da débil chama trêmula do isqueiro de segunda categoria. Fumou devagar, assistindo a brasa devorar o cigarro a cada tragada.

A fumaça, soprada para dentro do céu, esvaecia como sempre fazem os sonhos. Escorrem e desaparecem.

Me olhando, ainda deitado na cama, sorriu.

Engraçado como a realidade nos persegue como uma cadela fiel.

"We must become the change we want to see."



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