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domingo, março 28, 2004

Laranjada 

Na povoada e mais do que famosa Praça da Sé, entre o enxame de traseuntes, me param com uma proposta:
"Oi, tudo bem? Eu estou com esse bilhete de loteria premiado aqui, no valor de R$ 200,000, mas minha avó está morrendo no Piauí, então não tenho tempo de trocar. Você não gostaria de me ajudar, comprando por R$100?"
"Claro!"

Hoje em dia menos, mas antigamente colocavam nos açougues e nas fazendas umas luzes de neon roxas, com uma grade eletrificada na frente, pra atrair e matar os pobres insetos. Eu, sempre voando por aí, cansei de ouvir dos mais sábios: "Cuidado, nunca olhe para a luz! Resista à atração, você vai morrer queimado, é fatal."
"Claro, eu sei. Mas é tão bonito.........."
Zap.

Não adianta, não tem jeito. Cansei dessa vida de laranja. Impressionante como sempre me ferro! Só alguma balançar um rabo de saia vermelha na minha frente, e lá estou eu raspando o pé no chão e correndo a toda velocidade. Olé, toro!

Sincero, educado, companheiro, compreensivo, gentil. A vítima perfeita!

A fila anda, mas daqui a pouco o hospício vai estar vazio. Onde arrumo tanta maluca?

Não, chega, jogo a toalha. Bonzinho só se dá bem na moral da história. Depois do mocinho apanhar e apanhar ele consegue uma virada no final vive feliz até o próximo episódio....

Aqui não é assim, infelizmente. No fundo até acredito e mantenho a esperança que, em algum lugar por aí, uma pessoa melhor e mais sã me espera. Mas cansei de levar porrada de graça, me colocarem como personagem principal da piração - sempre a vítima, claro.

Mestres jedi, abandono tudo e abraço o Lado Negro da Força. Pro Diabo com essa de paladino!

Diabo, aliás, a quem invejo muito. Não faz tudo o que quer, com o foda-se ligado, e se dá bem, o maldito? Ressaca moral acabou, quem sabe na próxima.

Sei muito bem que não consigo sair do jogo mesmo. Então vamos jogar, e bem. Serei o melhor touro, temido nas arenas por aí. E quando a matadora se distrair, acerto e levanto ela bem alto, rasgando, para deleite de todos que assistem o espetáculo. E não é que sou bom MESMO nisso?

Ora bolas, é meu jogo também...

Não dou risada diabólica porque não tem nada haver com a vilania em si. Mas esse meu jeito de bocó.

Quer dançar?

"Getting' High - Feelin' Fine
Outta Sight - Outta Mind
Runnin' For The Border Line
Can't Get To Work On Time
Loved Ones Are Left Behind
Show Me Some Assuring Signs
Every Good Boy Does Fine"

sábado, março 27, 2004

Vida Selvagem 

A Gazela, o Leão e a Hiena.
Na savana, diferente daqui, cada um sabe muito bem o seu papel, e todos ficam felizes. Por que complicamos tanto?

"Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema"

sexta-feira, março 26, 2004

Sinceridade matutina 

Ás 8:25 da manhã, preso no apocalítico trânsito paulista, eu quero que o sol se foda.

"And I'll never make the same mistake
The next time I create the universe
I'll make sure you participate
Just in case"

quarta-feira, março 24, 2004

No começo de tudo, o título 

Na verdade, ninguém sabe como tudo começou.

No ano em que nasci, 6.943 jovens entre 15 e 24 anos morreram assassinados no Brasil.

Nos EUA, algum idiota atira em latas de cerveja imaginando iraquianos, comunistas ou os colegas da escola.

Na Grécia ou na Georgia pode estar o amor da sua vida.

No ponto mais alto da Terra não tem ninguém.

Na sua cama vivem milhões de ácaros, se alimentando de restos da sua pele.

Na escola, decoramos toda a tabuada.

No relógio, o tempo sempre é diferente do seu.

No meio do caminho as pedras nos esperam.

No telhado de vidro também.

Na falta, escrevo.

Na nota de um Real desenharam um beija-flor.

Na nota de um dólar, uma pirâmida flutuante com um olho no meio.

Na escuridão chamei seu nome.

No fundo do poço, brota água.

Na propaganda de margarina, todo mundo acorda de bom humor e come em uma mesa de hotel cinco estrelas.

No fim, parece coisa de bandeja do Mc Donald's, pra ler entre uma mordida e outra.

No frigir dos ovos, tudo termina.


"é aqui que a gente lê de novo os livros da mocidade e os enigmas adquirem novas significações, uma para cada cabelo branco."


sábado, março 20, 2004

Pra frente Brasil 

Não é porque roubaram a taça que a seleção do tri deixou de ser a melhor seleção da história, certo?

Pois é. O belo trofeu sumiu, mas olha que golaço....

"Try to be the king but the ace is back"

quinta-feira, março 18, 2004

Who watches the watchmen? 

Hoje me calo e conto uma "piada":


"Homem vai ao médico. Diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel.

Conta que se sente só num mundo ameaçador, onde o que se anuncia é vago e incerto.

Médico diz: 'O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade. Assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo.'

Homem se desfaz em lágrimas. E diz: 'Mas, doutor...

...eu sou o Pagliacci.'"



domingo, março 14, 2004

Coitadinho de mim 

Me disseram que isto aqui anda uma depressão só.

Ora bolas, escrevo sobre o que preciso, não sobre o que gostaria!

As nuvens chegam, o céu escurece, o vento esfria, e por fim a chuva acontece. Seria ótimo se fosse perfume, e não água, ou ouro no lugar de granizo. Mas uns dias são feios, outros são maravilhosos.

Venho aqui chover. Que o raio caia sempre no mesmo lugar!

"o monstruoso não é que homens tenham criado rosas com este monte de esterco, mas que, por uma ou outra razão, tenha DESEJADO rosas."



sexta-feira, março 12, 2004

Preciso urgentemente encontrar um amigo 

Coisas simples que ultimamente me ajudam na luta contra a insanidade:

Big Brother na TV, as manipulações dos trancafiados participantes, as maquinações da Globo e o "ninguém merece" da Ju.

Futebol no estádio, e toda manifestação coletiva crua quando 60 mil explodem num grito junto ao seu, literalmente tremendo o Morumbi.

Os gênios dos Mutantes.


"Quero ver o sol nascer
E a flor desabrochar
E no mundo de amanhã

Quero acreditar"




quinta-feira, março 04, 2004

Achados e Perdidos 

No fundo do longo corredor de pastilhas verdes havia uma porta, sempre fechada. Talvez por ter um tom de madeira quase negro, talvez pelo verniz espesso e o trinco escurecido pelo pouco uso, talvez por ficar na parte menos iluminada, quase esquecida, do bloco da primeira-série do primário, era um lugar que nenhuma das crianças gostava muito.

Dizem que as crianças tem uma sensibilidade maior, quem sabe, mas o fato é que era um lugar evitado, mesmo estando muito próximo de toda algazarra das salas de aula.

De vez em quando, com o corredor escuro, era possível ver luz passando por baixo da porta, junto com algumas sombras estranhas.
Ninguém comentava muito sobre isso, mas ninguém gostava de ir lá. Tanto que a sala estava quase sempre destrancada, o que normalmente não é suficiente para deixar moleques de 7 ou 8 anos afastados.

A sala em si era pequena, um cubículo com estreitas janelas junto ao teto. Pelas paredes, de baixo até onde nossa vista alcançava, cabides e prateleiras cheias, lotadas, empilhadas. Milhões de casacos azuis do uniforme do colégio, lancheiras variadas, de todas as cores e formatos (muitas com lanches azedando), livros, cadernos e agendas. Tudo coberto com uma fina camada de poeira, já que até as pobres faxineiras pareciam ignorar sua existência.

Objetos perdidos, esperando por donos que nunca vinham.

O pior era o cheiro, forte e estranho, quase ruim, que impregnava tudo.

Achar seu agasalho no meio daquilo tudo?
Impossível. Melhor dizer para sua mãe que não achou, roubaram, ou pegar um qualquer e torcer para ela não perceber o tamanho diferente.

Era um lugar engraçado. Na verdade, assustador.

Todos pareciam esperar alguma coisa sair do meio dos casacos, um braço horrendo com garras terríveis; ou abrir a porta e encontrar um túnel para outro lugar, escuro e com teias de aranha.

Naquele tempo, era um daqueles lugares místicos, onde o tecido da realidade era tão fino que poderia se rasgar em um suspiro.

Mas o que fazer, se o perdido sou eu?


"Ando meio desligado
Eu nem sinto
Meus pés no chão
Olho e não vejo nada
Eu só penso se você me quer"


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