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segunda-feira, novembro 21, 2005

Recortar e Colar 

Sei que é brega, preguiçoso e ilegal colocar como post uma letra de música, mas já é tarde da minha madrugada e as palavras são de nosso menestrel favorito, Chico B.:



"Quando o meu bem querer me vir
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos os umbrais

E quando o seu bem querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com juras
Juras, juras, juras imorais

E quando o meu bem querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais

E quando o seu bem querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais

E quando o meu bem querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria assim dos animais

E quando o seu bem querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás"


terça-feira, novembro 08, 2005

Procuro Um Emprego 

- Estava pensando...

- Não pense.

- Não, sério, estava pensando: que trabalho mais estranho esse...

- Estranho? Ora, um trabalho não tem nada de estranho. Estranho seria se estivesse desempregado.

- Não, claro, nem me fale, mas ainda não sei por que estamos fazendo isso aqui.

- Por que? Não interessa. Sabemos nossa função e pronto.

- Sim, mas que é um trabalho estranho, isso é. Tipo, porque sempre é escuro aqui em cima? Onde estamos, afinal? Acho muito estranha essa torre. Depois de sei lá quantos degraus...

- 7365.

- Você contou?

- Escadas em espiral me deixam enjoado.

- Ah! Mas então, acho muito estranho subirmos tantos degraus, abrir essa pequena escotilha e estarmos aqui. Tipo, cadê o céu, a paisagem, tudo? Deveríamos estar bem alto, mas olha isso! Só essa lâmpada zumbindo e mais nada...

- Que diabos você esperava?

- Alguma coisa, ora. Veja, aqui na beirada, até a base da torre desaparece nessa escuridão toda!

- Não fique perto da beirada.

- Opa, desculpe. Mas o que estamos fazendo aqui?

- Já disse. Nosso trabalho. Só.

- Estranho essa coisa de vigiar o Vazio.

- Lá vai começar de novo. Não tem nada de estranho, é seu trabalho e pronto.

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- Acho que vi alguma coisa.

- Viu? O que?

- Não sei, alguma coisa por ali.

- Tem certeza?

- Não. Sim. Não sei.

- Viu ou não? O que era?

- Não sei bem...

- Não vejo nada ali.

- É, acho que não era nada.

- Ótimo. Então me passe a garrafa de café.

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- Que horas são?

- Por que?

- Sei lá. Que horas começou nosso turno? Que horas termina? Aqui o tempo parece que não anda!

- Quando nosso turno acabar eles avisam.

- E quando vai ser isso?

- Você não consegue mesmo ficar quieto, né?

- Desculpe, é que é meu primeiro dia.

- Tudo bem.

- E quando vão pagar a gente?

- Quando nosso turno terminar.

- E quando vai ser isso?

- De novo?

- Já perguntei isso?

- Já.

- Desculpe.

- Tudo bem. Agora fique quieto e vigie.


"If hard work were such a wonderful thing, surely the rich would have kept it all to themselves."



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