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quarta-feira, junho 08, 2005

Margens plácidas 

Exatamente hoje a Daslú inaugura sua mega-loja aqui em São Paulo. Antes que fique surpreendido, eu só sei porque fizeram a questão de publicar um anúncio na capa de CADA CADERNO da Folha de S. Paulo. Engraçado como teoricamente uma loja para poucos, tida exclusiva, não precisa fazer anúncio...

É, sonhadora madame de classe média, eis o tentador engodo descrito em páginas e páginas das três revistas dessa semana (Veja, Istoé, e Época - alguém aí acredita em coincidência ou no poder das matérias pagas?): faça parte do exclussivíssimo mundo ultra Vip dos importantes que compram na Daslú! Junte aquele dinheirinho todo mês, prepare um buraquinho no bolso e compre AQUELE objeto do desejo em 12 suaves parcelas iguais no seu cartão de crédito. Imagine a fila dos também exclusivos Audi A3 na porta, dando a volta no quarterão. Pareça rico você também!

Não dá para ficar imparcial: uns tem dinheiro mesmo (aí sim os exclusivos que compram e nem perguntam o preço), e fazem questão de mostrar para todo mundo como são bonitos, chiques e... ...tem dinheiro.
Outros sonham em fazer parte e mendigam por um lugar, ainda que ínfimo, no holofote da riqueza.
E outro bando, de revoltados, assumem que nunca farão parte desse mundinho de espetáculo (alguns semi-conformados, outros usando a desculpa que não ligam pra dinheiro...) e que torcem para o Bin Laden ou o Bush derrubar aquele prédio e todo cristal abaixo numa explosão de euforia social. Que pena, não temos terrorismo decente!

Ah! Mas pra que tanta raiva e polêmica? Eis o exemplo mais lindo do nosso Brasil, em toda gloriosa luz e odor: poucos ricos nobres desfilando como nobres franceses antes desses perderem a cabeça (literalmente), enquanto a molecada pobre faz malabarismo pobre no farol.

Claro que o pomposo prédio fica justamente na Marginal Pinheiros, onde no trânsito parado (sem nenhum farol por perto) de um jeito ou de outro você vai levantar o nariz pra sonhar com aquilo e admirar num suspiro (ou odiar num escarro) a vitrine viva da nossa riqueza. Que país magnífico, quase uma Europa no consumo!

Imponente arquitetura moderna com traços clássicos, harmonicamente voltada de frente pro belo rio -não o Sena ou Hudson, mas o esgoto fétido a céu aberto, cheio de excrementos, que corta a cidade.

Viva a riqueza, a pompa, a falta de saneamento básico e educação. Viva nosso delicioso paradoxo: dos dólares ao rio cheio de merda.

Cheio, inclusive, da merda da Daslú.

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

segunda-feira, junho 06, 2005

Time is the Matrix 

Um dia Cronos parou, entre o mastigar de um filho e outro, para amaldiçoar em silêncio um reles mortal que por acaso calhou de estar ali nas redondezas: "Serás de Hypnos e Morfeu".

E lá estava eu, olhando vagarosamente atônito para um relógio que a um segundo atrás marcava exatos 29 minutos a menos, entre o "levantar-se" e o "ir comer alguma coisa".

"Getting out of bed in the morning is an act of false confidence."

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