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segunda-feira, maio 31, 2004

Rave is the Matrix 

Cresci em uma família preconceituosa. Dessas que ficavam feliz quando um 'terrorista' era capturado pela ditadura...
Fugi antes que pensassem em tosar minha lã negra, mas isso não significa que saí de lá são e salvo. Salvo, talvez; são, não.

Sendo assim, nunca tinha ido à uma rave. Tinha uma vontade, bem trancada lá no fundo, mas dizia pra mim mesmo que não era lugar pra mim. Deveria ser o inferno na terra, imagina! Alguém chama o Dops e desse o cacetete neles!

Mas o tempo passa, o desejo cresce, e lá estava eu num puta transito pra chegar na tal balada. Às 5:30 da manhã de domingo...

..mas não eram 5:30 da manhã de domingo. Quando eu vi, não tinha mais como saber quando ontem acabou, hoje começou, muito menos quando seria amanhã. Tudo de convencional simplesmente derreteu, para mim e pelo menos duas mil pessoas.

Era crítico ferrenho da cena da 'festa em Zion' do segundo filme da trilogia do Matrix (como sou crítico ferrenho dos dois filmes em geral, e de terem feito a tal 'trilogia'.. ..mas isso é outro assunto). Depois do que aconteceu, finalmente entendi o porquê da cena: uma rave existe em algum lugar fora da Matrix. Ponto.

Amanheceu, mas o dia estava coberto por uma névoa branca e brilhante. O alto daquele morro era o Olimpo. Deusas e ninfas sorriam e dançavam enquanto eu gozava com o pulsar da música.

Yes, I do drugs.

Mas vai muito além disso.

Tudo bem, eu não sabia que ia gostar tanto antes de ir. Imaginava um inferno de bate-estaca. Também era completamente cético ouvindo aqueles que iam e gostavam...

Encontrei mais um pedaço de mim. Quem sabe nos encontramos na próxima?

Touched for the very first time
Like a virgin
With your heartbeat
Next to mine



quarta-feira, maio 26, 2004

Além do nosso umbigo 

Caminhava, puto, pela rua. Suas mãos congelavam de frio, a mochila superlotada pesava nas costas, os compromissos do dia tinham ido para o espaço. Maldito inverno que escurece às seis da tarde.

Passara horas intermináveis envolto com mecânicos, guincho e oficina. Carros não deveriam quebrar assim e te deixar no meio da rua, impotente e idiota. Isso porque dois dias antes o pneu tinha furado. Dá até pra entender gente que benze o automóvel...

Nisso uma menina mirrada, de mais ou menos 9 anos, se aproxima - dessas milhares que pedem dinheiro ou vendem porcaria nos faróis da cidade:

"E aí, vamos transar? A gente tira a roupa e eu rebolo para você na cama."

Engoliu, como bile, o pensamento que vida de pedestre é uma merda.


"Tornar a ser seu próprio ideal, como na infância (...) - isso é o que as pessoas esforçam por atingir como sendo sua felicidade."


segunda-feira, maio 24, 2004

Conto de fadas (ou como escrever um conto em 15min!) 

Todos riam ao redor da grande mesa. O vinho fora abundante, regando o jantar enquanto a lua subia do lado de fora do castelo. Quando Leafar terminou de contar mais uma de suas absurdas aventuras, o rei quase engasgou com o enorme naco de queijo que tinha enfiado na boca, rindo como um bufão:
'És um louco, sabia?'

A rainha puxou para si mais um cálice:
'Mas diga, nobre cavaleiro, até quando vai continuar nessa loucura toda? Não pensas em repousar vosso coração? Veja quantas terras fartas, escolha uma e monte vosso feudo! Já não está farto de tantas caçadas e aventuras?'

Leafar olhou longamente para a mesa cheia de nobres de todas as partes do reino, das mais variadas famílias: 'Não é a caçada que me move, miladi. Mas o que procuro.'

O rei explodiu em risadas:
'Ora, não se engane! Não me digas que não há paixão nas suas caçadas! Já vi seus olhos, Sir Leafar, és tão lobo como a insígnia que carregas no peito!'

Leafar sorri para seu velho amigo:
'E quem sou eu para contrariar meu rei?'

***


Cavalgava sozinho para a torre nas cercanias do palácio real, ainda as risadas e a música ecoando em sua cabeça. Quando sentiu seu cavalo caindo, mal teve tempo de procurar o punho de sua espada.

Bateu forte com a cabeça no chão, o peso do animal em cima de sua perna esquerda. Sentia o cheiro de sangue e vida se esvaindo de sua montaria num suspiro, quando percebeu o que estava cercado por cavaleiros armados. Se aproximaram devagar.
Uma lança furou de leve sua pele, pressionada contra seu pescoço.

'Nem tente nada, Caçador, ou sentirá inveja da morte rápida de seu cavalo'.

Quantos eram? Estava escuro, e muitos usavam elmos. Mas conhecia as vozes outrora amigas:

'És um insolente. Como ousa vir até aqui, nos envergonhar frente a nossas famílias, frente nosso rei?'

Leafar não estava entendendo o que diziam. Envergonhar?

'Ousas ainda caçar nas minhas terras! Sonho com sua cabeça em cima de minha lareira.'

Então era isso.

'Já lhe mandei presentes, Letim, e pedi-lhe perdão. Assim que vi sua marca abandonei a presa, que fugiu para vossa floresta. Um descuido.'

A lança entrou um pouco mais em sua carne, fazendo escorrer um filete de sangue para dentro de sua armadura.

'Insolente. Suas histórias e bravatas nos enchem de desonra. Achas mesmo que pode vir aqui e mostrar para toda corte que é melhor do que nós??'

'Tens sorte de ser queridinho da família real. Mas desafie nossa honra novamente e será caçado como o lobo raivoso que és.'

Já tinha caçado com a maioria deles. Com alguns até aprendera muito do que sabe. Olhava para eles em descrédulo silêncio.

Ouviu o estalo quando partiram seu arco. Jogaram seu maior tesouro em cima do animal morto.

O galope dos cavalos jogou lama para trás.

***


Chovia, quando um cavaleiro solitário cruzou a estrada. O menino quase continuou seu caminho, quando viu o brasão no peito da armadura. Mesmo sujo de lama e parcialmente oculto, reconheceu o lobo branco. Curvou-se para saldar o nobre que passava. Sir Leafar, o Grande Caçador, seu grande herói, ali, em pessoa.

Nervoso, continuava olhando para baixo, quando sua cabeça de menino não pode conter a emoção:

'Desculpe a rudeza, meu nobre cavaleiro, mas para qual aventura parte agora? Onde será vossa caçada?'

O cavaleiro parou, e por um instante o menino achou que tinha ido longe demais em sua ousadia. Como um plebeu fala com um nobre assim?

Seu sangue ficou tão frio como a chuva, até o cavaleiro por-se em marcha novamente.

'Longe.'




"The heart never speaks - but you must listen to it to know."


segunda-feira, maio 17, 2004

Sigam-me 

Parlamentar Rafa (do partido RitM) discursa no palanque:

'Atrasado, sempre atrasado! Temos tantas coisas para serem colocadas aqui, e tão pouco tempo! É até um pouco triste ver as idéias brotarem e murcharem sem que ninguém as cultive como devido. Avançamos com progresso, as velas estão cheias e os horizontes são amplos... ...mas não podemos abandonar aos escribas e historiadores do futuro todo trabalho realizado ao longo desse tempo, nesses registros de fundamental valor artístico e cultural.
Não, colegas, o tempo é impiedoso em sua marcha e firme em seu pisar, mas não podemos somente nos preocupar em seguir seus passos deixando para trás tanta riqueza e memórias vastas que formam nossa esplendorosa nação.
Os trabalhos aqui expostos ultimamente se resumem à sucata, se comparados ao glorioso passado de nossos arquivos. Proponho então a manutenção constante e permanente de verbas que tornem novamente possível o retorno das importantes obras publicadas em nosso endereço eletrônico.'

Parlamentar Rafa (partido NOIA) pede a palavra:

'Questionamos, caro colega, a necessidade de tamanha manutenção de verba com a seguinte colocação: Tudo o que foi publicado é realmente importante? Até onde isso tudo vale a pena?'

Parlamentar Rafa (RitM) pede réplica:

'Reconhecemos que alguns posts são de qualidade literária deveras discutível, mas a existência de um órgão como esse é fundamental para a boa manutenção e bem estar de nossa nação. Além disso, é notória a oposição de vosso partido a este projeto, outorgada nos diversos comentários e discursos oblíquos típicos de alguém não digno de adentrar nossos nobres e poéticos salões...'

Rafa (NOIA):

'O senhor está completamente equivocado! Como ousa nos difamar com tão baixas calúnias e blasfêmias, enquanto nossa preocupação é exclusivamente o bem estar de nossa nação, a República Rafaelítica do Rafa, e nossas metas totalmente patrióticas? Vossa senhoria não tem o direito nem a moral, se preocupando com projetos tão secundários, de levantar uma objeção ao nosso partido!'

Rafa (RitM):

'O QUE? SECUNDÁRIO?! O senhor é um ignorante! Veja só, os dados comprovam a importância deste trabalho, pelo senhor rotulado de secundário, para a fundamental saúde mental desta nobre nação! E como ousa insinuar que não somos patrióticos?? Eu..

Rafa presidente da mesa:

'Senhores, mantenham a compostura e o nível do debate.'

Rafa (partido FUN):

'É por essas e outras que de tempos em tempos temos aqui uma ditadura...'

Rafas de diversos partidos:

'O QUE?!'
'ESTÃO INSUNUANDO ALGUMA COISA??'
'GOLPE DE ESTADO?!?'
'LÁ VEM A ESQUERDA NOVAMENTE!'
'ESQUERDA? SEUS LOUCOS! PORCOS FACISTAS!!'
'Búúúúuúu´!'

Rafa presidente da mesa quebrando seu martelo:

'SENHORES, SENHORES!!'

"Follow the white rabbit..."


quinta-feira, maio 13, 2004

Só no virtual 

Respondam-me com sinceridade:

Como é possível alguém gostar de cerveja sem álcool?

Para que serve café descafeinado??

Tragar e não fumar não faz sentido algum!

Acho que são males dos tempos do sexo com preservativo...

"Os prazeres dessa vida
Já viraram maldição
AIDS, POP, REPRESSÃO
O que eu fiz para merecer isso?"




domingo, maio 09, 2004

Doce lar 

Sempre temos algum lugar que guardamos com carinho na memória. No meu caso, a casa da minha avó.

Cresci por lá, brincando nas árvores do jardim, enterrando meus bonequinhos mortos em batalha nos canteiros de flores, jogando bola no quintal, assistindo televisão enquanto lambiscava alguma guloseima (casa de vó...), ouvindo histórias antes de
dormir nos quartos enormes, vendo a chuva cair lá fora da janelas da sala de visitas...

Como primeiro neto, e mais velho, tinha toda aquela imensidão para preencher de sonhos e colecionar lembranças.

Um pouco antes de completar onze anos, minha avó vendeu a casa e veio morar no mesmo prédio que eu.

A casa continua lá.

Mas desapareceu.

A rua não é mais a mesma. Não só pelas lombadas, pelas casas vizinhas que reformaram e construiram, pelo enorme ipê amarelo que sumiu da frente de um dos portões; ela está menor, mais estreita do que fora pra mim, não tão tranquila.

A casa também encolheu, como no Pais das Maravilhas. E mudou. Os novos moradores reformaram tudo, trocaram portões, as janelas, o jardim. Nunca mais foi bela, linda.

De vez em quando eu passo por lá, provavelmente com a esperança secreta e fútil de encontrar aquela casa, naquela rua novamente. E tenho uma sensação estranha. Um pouco triste de ver que ela não é mais a mesma, e uma saudade suave de saber que ela agora só existe dentro de mim. Com todas aquelas lembranças boas.

Acho que é a mesma coisa com ex-namorada...

"If they say I never loved you
You know they are a liar (...)
Never saw a woman...
So alone, so alone"


quarta-feira, maio 05, 2004

Uma conclusão, um fato e um filme.  

1 - O problema de viver cagando e andando é ter que ruminar o tempo todo.


2- Algumas pessoas simplesmente não entendem metáforas. Outras não entendem porra nenhuma.


3- Vindo de alguém apaixonado por animes, filmes trash e violência catártica esteriotipada ao extremo, era de se esperar algo como: Kill Bill vol1 é ótimo. Mas não é. É FANTASTICO. A obra-prima de Tarantino, sem dúvida nenhuma (pelo menos até Kill Bill vol2)...

"Member of The DEADLY VIPER ASSASSINATION SQUAD"

segunda-feira, maio 03, 2004

Palavronas 

Meu primeiro pensamento foi: malditos ingleses, desde quando um pinto parece um galo??

Claro que isso deve ser motivo de piada de tradutores....

..mas aí a viagem continua, sem lugar na janelinha: mas porra, um pinto também não parece nada com um pinto! Quer dizer, não o meu, oras bolas!

Estranho essa coisa dos anglo-saxões chamarem o próprio pau de galo, enquanto que da nossa herança lusitana ficamos com os filhotes: pintinhos! Será que é algum complexo de inferioridade cultural? Ou algum mecanismo de dominação??

Pau neles!

Quem eles pensam que são? Eles sim 'fodedores de mãe', 'chupadores', 'cabeças de
pinto'!! "Motherfucker! Cocksucker! Dickhead!"
Olha só, isso é jeito de xingar alguém?

Alguém que fode a mãe é muito diferente de um filho da puta. No fundo acho que mesmo xingando já estamos inocentando o coitado: que culpa ele tem se a mãe é da vida? Dá até pena do sujeito ter nascido tão fodido assim...

Mas acho que não tem nada que se compara a um "vai tomar no cu". Ora, dizer, 'go fuck yourself' até que chega perto, mas não tem o mesmo sentindo... E alguns ainda comparam com o 'fuck off'! Absurdo! Por mais que esta expressão ridicula não tenha contraparte em nosso vocabulário, mandar alguém tomar no meio do próprio rabo é sem duvida muito mais catártico!

Pensando bem, completamente sem sentido: é uma maldição, algo que rogamos sobre o próximo como ciganos enervados - VOCÊ vai tomar no cu! Algum dia no seu futuro! Em breve... É uma profecia infernal!

Pior se for uma ordem. "Ei, você! Vá tomar no cu. Estou mandando!" Como alguém pode dizer algo assim? E o pior, como é que o sujeito iria obedecer?? "Ah, você pode me ajudar? Tenho que tomar no cu!"

Besteira! Ou melhor, 'merda de touro'! Algumas pessoas dizem besteiras, mas realmente "bullshit" (ainda que nunca vi diferença da de vaca...) é perfeito para as pérolas que ouvimos por aí...


...

Assunto longo, esse. Dá pra divagar por horas...

Será que por isso são chamados de palavras grandes? Não deve ser. Será? Também são chamadas de obscenas. Ou grosseiras. Caralho, quanto moralismo!

E pensar que hoje soltam porra e merda, sem mais nem menos, nas novelas!

Aja mãe pra lavar a boca com sabão.

"Supunhetemos que o mundo se descabaçace sobre nossas cabeças? O que siririca de nós? Nádegas."


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