segunda-feira, maio 24, 2004
Conto de fadas (ou como escrever um conto em 15min!)
Todos riam ao redor da grande mesa. O vinho fora abundante, regando o jantar enquanto a lua subia do lado de fora do castelo. Quando Leafar terminou de contar mais uma de suas absurdas aventuras, o rei quase engasgou com o enorme naco de queijo que tinha enfiado na boca, rindo como um bufão:
'És um louco, sabia?'
A rainha puxou para si mais um cálice:
'Mas diga, nobre cavaleiro, até quando vai continuar nessa loucura toda? Não pensas em repousar vosso coração? Veja quantas terras fartas, escolha uma e monte vosso feudo! Já não está farto de tantas caçadas e aventuras?'
Leafar olhou longamente para a mesa cheia de nobres de todas as partes do reino, das mais variadas famílias: 'Não é a caçada que me move, miladi. Mas o que procuro.'
O rei explodiu em risadas:
'Ora, não se engane! Não me digas que não há paixão nas suas caçadas! Já vi seus olhos, Sir Leafar, és tão lobo como a insígnia que carregas no peito!'
Leafar sorri para seu velho amigo:
'E quem sou eu para contrariar meu rei?'
***
Cavalgava sozinho para a torre nas cercanias do palácio real, ainda as risadas e a música ecoando em sua cabeça. Quando sentiu seu cavalo caindo, mal teve tempo de procurar o punho de sua espada.
Bateu forte com a cabeça no chão, o peso do animal em cima de sua perna esquerda. Sentia o cheiro de sangue e vida se esvaindo de sua montaria num suspiro, quando percebeu o que estava cercado por cavaleiros armados. Se aproximaram devagar.
Uma lança furou de leve sua pele, pressionada contra seu pescoço.
'Nem tente nada, Caçador, ou sentirá inveja da morte rápida de seu cavalo'.
Quantos eram? Estava escuro, e muitos usavam elmos. Mas conhecia as vozes outrora amigas:
'És um insolente. Como ousa vir até aqui, nos envergonhar frente a nossas famílias, frente nosso rei?'
Leafar não estava entendendo o que diziam. Envergonhar?
'Ousas ainda caçar nas minhas terras! Sonho com sua cabeça em cima de minha lareira.'
Então era isso.
'Já lhe mandei presentes, Letim, e pedi-lhe perdão. Assim que vi sua marca abandonei a presa, que fugiu para vossa floresta. Um descuido.'
A lança entrou um pouco mais em sua carne, fazendo escorrer um filete de sangue para dentro de sua armadura.
'Insolente. Suas histórias e bravatas nos enchem de desonra. Achas mesmo que pode vir aqui e mostrar para toda corte que é melhor do que nós??'
'Tens sorte de ser queridinho da família real. Mas desafie nossa honra novamente e será caçado como o lobo raivoso que és.'
Já tinha caçado com a maioria deles. Com alguns até aprendera muito do que sabe. Olhava para eles em descrédulo silêncio.
Ouviu o estalo quando partiram seu arco. Jogaram seu maior tesouro em cima do animal morto.
O galope dos cavalos jogou lama para trás.
***
Chovia, quando um cavaleiro solitário cruzou a estrada. O menino quase continuou seu caminho, quando viu o brasão no peito da armadura. Mesmo sujo de lama e parcialmente oculto, reconheceu o lobo branco. Curvou-se para saldar o nobre que passava. Sir Leafar, o Grande Caçador, seu grande herói, ali, em pessoa.
Nervoso, continuava olhando para baixo, quando sua cabeça de menino não pode conter a emoção:
'Desculpe a rudeza, meu nobre cavaleiro, mas para qual aventura parte agora? Onde será vossa caçada?'
O cavaleiro parou, e por um instante o menino achou que tinha ido longe demais em sua ousadia. Como um plebeu fala com um nobre assim?
Seu sangue ficou tão frio como a chuva, até o cavaleiro por-se em marcha novamente.
'Longe.'
"The heart never speaks - but you must listen to it to know."
'És um louco, sabia?'
A rainha puxou para si mais um cálice:
'Mas diga, nobre cavaleiro, até quando vai continuar nessa loucura toda? Não pensas em repousar vosso coração? Veja quantas terras fartas, escolha uma e monte vosso feudo! Já não está farto de tantas caçadas e aventuras?'
Leafar olhou longamente para a mesa cheia de nobres de todas as partes do reino, das mais variadas famílias: 'Não é a caçada que me move, miladi. Mas o que procuro.'
O rei explodiu em risadas:
'Ora, não se engane! Não me digas que não há paixão nas suas caçadas! Já vi seus olhos, Sir Leafar, és tão lobo como a insígnia que carregas no peito!'
Leafar sorri para seu velho amigo:
'E quem sou eu para contrariar meu rei?'
***
Cavalgava sozinho para a torre nas cercanias do palácio real, ainda as risadas e a música ecoando em sua cabeça. Quando sentiu seu cavalo caindo, mal teve tempo de procurar o punho de sua espada.
Bateu forte com a cabeça no chão, o peso do animal em cima de sua perna esquerda. Sentia o cheiro de sangue e vida se esvaindo de sua montaria num suspiro, quando percebeu o que estava cercado por cavaleiros armados. Se aproximaram devagar.
Uma lança furou de leve sua pele, pressionada contra seu pescoço.
'Nem tente nada, Caçador, ou sentirá inveja da morte rápida de seu cavalo'.
Quantos eram? Estava escuro, e muitos usavam elmos. Mas conhecia as vozes outrora amigas:
'És um insolente. Como ousa vir até aqui, nos envergonhar frente a nossas famílias, frente nosso rei?'
Leafar não estava entendendo o que diziam. Envergonhar?
'Ousas ainda caçar nas minhas terras! Sonho com sua cabeça em cima de minha lareira.'
Então era isso.
'Já lhe mandei presentes, Letim, e pedi-lhe perdão. Assim que vi sua marca abandonei a presa, que fugiu para vossa floresta. Um descuido.'
A lança entrou um pouco mais em sua carne, fazendo escorrer um filete de sangue para dentro de sua armadura.
'Insolente. Suas histórias e bravatas nos enchem de desonra. Achas mesmo que pode vir aqui e mostrar para toda corte que é melhor do que nós??'
'Tens sorte de ser queridinho da família real. Mas desafie nossa honra novamente e será caçado como o lobo raivoso que és.'
Já tinha caçado com a maioria deles. Com alguns até aprendera muito do que sabe. Olhava para eles em descrédulo silêncio.
Ouviu o estalo quando partiram seu arco. Jogaram seu maior tesouro em cima do animal morto.
O galope dos cavalos jogou lama para trás.
***
Chovia, quando um cavaleiro solitário cruzou a estrada. O menino quase continuou seu caminho, quando viu o brasão no peito da armadura. Mesmo sujo de lama e parcialmente oculto, reconheceu o lobo branco. Curvou-se para saldar o nobre que passava. Sir Leafar, o Grande Caçador, seu grande herói, ali, em pessoa.
Nervoso, continuava olhando para baixo, quando sua cabeça de menino não pode conter a emoção:
'Desculpe a rudeza, meu nobre cavaleiro, mas para qual aventura parte agora? Onde será vossa caçada?'
O cavaleiro parou, e por um instante o menino achou que tinha ido longe demais em sua ousadia. Como um plebeu fala com um nobre assim?
Seu sangue ficou tão frio como a chuva, até o cavaleiro por-se em marcha novamente.
'Longe.'
"The heart never speaks - but you must listen to it to know."