sábado, setembro 01, 2007
Se não assistiu, não vai entender
Já era tarde da noite quando encontrei o filme na TV. Legendado, ainda por cima.
Depois de tantos anos, é curioso verificar, em uma breve análise, que aquilo ficou em mim. Marcou ideais, torceu sonhos, deixou seu rabisco colorido no infinito universo dentro de minha cabeça, éter inconsciente.
Poderia dizer, falseando pretenções intelectuais e sofisticadas, o nome de um obscuro, ou consagrado, filme cult.
Mas sou um sujeito de minha época, histórico, e vivi uma infância na tal década perdida, e uma juventude na última década do século XX. Geração coca-cola na veia, talvez a última geração analógica até a próxima idade das trevas.
Tão bombardeado pela indústria cultural como qualquer um, já comentei aqui, bem no início, o impacto de Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off, 1986). Ontem, ficou bem claro o estrago feito por Caçadores de Emoção (Point Break, 1991) .
Não reduzo a elementos simples, diretos, arrancados da tela e enfiados de qualquer jeito em mim, como um bau cheio de velharias. São pequenos cacos, muito sutis e simbólicos, misturados com todo o resto que chamamos vida, memórias e emoções sem sentido. Mais um vento forte em um dia de chuva, que esculpiram a rocha, bem plástica na época, de minha personalidade.
Fato é que preciso arrumar logo uma máscara de um ex-presidente, do Collor seria ideal. Ou jogar na areia de uma praia da Austrália meu distintivo do FBI.
Ou ainda pular de um avião sem pára-quedas.
Definitivamente, surfar.
" 'Vai ser tudo derrubado', diz o Velho.
'Antigamente era melhor?', pergunta Augusto.
'Era.'
'Por que?'
'Antigamente tinha menos gente e quase não havia automóveis.'
'Os cavalos, enchendo as ruas de bosta, deviam ser considerados uma praga igual aos carros de hoje', diz Augusto.
'E as pessoas, antigamente, eram menos estúpidas', continua o Velho, com um olhar triste, ' e tinham menos pressa.'
'O pessoal da antiga era mais inocente', diz Kelly.
'Era mais esperançoso. A esperança é uma espécie de libertação', diz o Velho."
Depois de tantos anos, é curioso verificar, em uma breve análise, que aquilo ficou em mim. Marcou ideais, torceu sonhos, deixou seu rabisco colorido no infinito universo dentro de minha cabeça, éter inconsciente.
Poderia dizer, falseando pretenções intelectuais e sofisticadas, o nome de um obscuro, ou consagrado, filme cult.
Mas sou um sujeito de minha época, histórico, e vivi uma infância na tal década perdida, e uma juventude na última década do século XX. Geração coca-cola na veia, talvez a última geração analógica até a próxima idade das trevas.
Tão bombardeado pela indústria cultural como qualquer um, já comentei aqui, bem no início, o impacto de Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off, 1986). Ontem, ficou bem claro o estrago feito por Caçadores de Emoção (Point Break, 1991) .
Não reduzo a elementos simples, diretos, arrancados da tela e enfiados de qualquer jeito em mim, como um bau cheio de velharias. São pequenos cacos, muito sutis e simbólicos, misturados com todo o resto que chamamos vida, memórias e emoções sem sentido. Mais um vento forte em um dia de chuva, que esculpiram a rocha, bem plástica na época, de minha personalidade.
Fato é que preciso arrumar logo uma máscara de um ex-presidente, do Collor seria ideal. Ou jogar na areia de uma praia da Austrália meu distintivo do FBI.
Ou ainda pular de um avião sem pára-quedas.
Definitivamente, surfar.
" 'Vai ser tudo derrubado', diz o Velho.
'Antigamente era melhor?', pergunta Augusto.
'Era.'
'Por que?'
'Antigamente tinha menos gente e quase não havia automóveis.'
'Os cavalos, enchendo as ruas de bosta, deviam ser considerados uma praga igual aos carros de hoje', diz Augusto.
'E as pessoas, antigamente, eram menos estúpidas', continua o Velho, com um olhar triste, ' e tinham menos pressa.'
'O pessoal da antiga era mais inocente', diz Kelly.
'Era mais esperançoso. A esperança é uma espécie de libertação', diz o Velho."