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domingo, maio 09, 2004

Doce lar 

Sempre temos algum lugar que guardamos com carinho na memória. No meu caso, a casa da minha avó.

Cresci por lá, brincando nas árvores do jardim, enterrando meus bonequinhos mortos em batalha nos canteiros de flores, jogando bola no quintal, assistindo televisão enquanto lambiscava alguma guloseima (casa de vó...), ouvindo histórias antes de
dormir nos quartos enormes, vendo a chuva cair lá fora da janelas da sala de visitas...

Como primeiro neto, e mais velho, tinha toda aquela imensidão para preencher de sonhos e colecionar lembranças.

Um pouco antes de completar onze anos, minha avó vendeu a casa e veio morar no mesmo prédio que eu.

A casa continua lá.

Mas desapareceu.

A rua não é mais a mesma. Não só pelas lombadas, pelas casas vizinhas que reformaram e construiram, pelo enorme ipê amarelo que sumiu da frente de um dos portões; ela está menor, mais estreita do que fora pra mim, não tão tranquila.

A casa também encolheu, como no Pais das Maravilhas. E mudou. Os novos moradores reformaram tudo, trocaram portões, as janelas, o jardim. Nunca mais foi bela, linda.

De vez em quando eu passo por lá, provavelmente com a esperança secreta e fútil de encontrar aquela casa, naquela rua novamente. E tenho uma sensação estranha. Um pouco triste de ver que ela não é mais a mesma, e uma saudade suave de saber que ela agora só existe dentro de mim. Com todas aquelas lembranças boas.

Acho que é a mesma coisa com ex-namorada...

"If they say I never loved you
You know they are a liar (...)
Never saw a woman...
So alone, so alone"


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